Mentoria e Empoderamento de Mulheres em Tecnologia
Qual o papel dos homens no meio disto?
Como referido na secção anterior, as mulheres não abundam neste meio e sempre tive a impressão que é mais fácil para uma mulher procurar ajuda/mentoria do que para um homem. Ou seja, há mais procura de mulheres do que de homens por mentores. Ao mesmo tempo, com uma enorme vaga de eventos exclusivos para minorias e outros que procuram aumentar o número de minorias em painéis de forma desproporcional à sua representação no mercado, as mulheres que dão nas vistas ficam sobrealocadas. Isso pode levar a desgaste e, num caso extremo, a que acabem prejudicadas pela ação de quem as queria ajudar.
O papel dos homens é simples. Havia um ditado “por trás de cada grande homem está uma grande mulher”. Que tal “por trás de cada grande pessoa, está outra grande pessoa”? Melhor ainda, “por trás de cada grande pessoa, está uma grande equipa”! Há situações em que tem de ser uma mulher a dar a cara. Para as jovens em busca de uma referência, é importante que outras mulheres sejam vistas em conferências, em cargos de liderança e como autoras de artigos. Como mentoras, nem tanto.
A melhor forma de conseguir igualdade, é reduzindo as tarefas de bastidores que sobrecarregam as mulheres. Uma mentora pode ser ideal, mas há muitas tarefas de mentoria que um homem fará igualmente bem (ou parecido). Se um homem fizer 80% da mentoria e colocar as suas mentoradas (e mentorados) em contacto com mentoras que completem a formação com a perspetiva feminina, é uma experiência semelhante para quem recebe a mentoria e não sobrecarrega as mulheres que estão a fazer a diferença a outra escala.
Uma dica para a mulher que leu até aqui. Como sabes os homens têm algumas características irritantes. Uma das mais úteis é o instinto do herói. O homen tendencialmente quer proteger e ajudar a mulher (mesmo que ela não o queira nem precise) para se sentir importante. Quando vê uma donzela em apuros, provavelmente vai dar um passo em frente. E se for pedida ajuda diretamente, é muito difícil que recuse. É genético.
Claro que ele pode estar a fazer isso por achar a mulher um ser inferior que precisa de ajuda para fazer “tarefas de homem”. Um mentor tem de conhecer as tuas limitações, mas tem de te ajudar a evoluir. É diferente ser o cavaleiro andante que está sempre a salvar a princesa, ou aquele que traz detalhes sobre o dragão, os pontos fracos a explorar e se oferece para lutar ao teu lado ou para desviar a atenção do cuspidor de fogo enquanto cortas o pescoço da criatura. Alguns anos depois, ele estará sentado com um balde de pipocas a ver-te travar as tuas próprias batalhas e só se levantará se chamado.
Deixo outro alerta que é preciso ter sempre em consideração. Ele pode estar a fazê-lo com segundas intenções, para fazer parte da tua vida pessoal. Por isso quando sabes que um mentor tem grande rotatividade de mentoradas, informa-te. Ele pode não ser o empurrão que precisas, mas outro obstáculo a contornar. Não vou dizer para “confiares no teu instinto”, mas lembra-te que a mentoria em grupo é sempre mais divertida e segura que individual e as reuniões online têm o mesmo efeito das presenciais. Se está a fazer demasiadas perguntas pessoais, impõe limites.
Conclusão
A indústria da tecnologia é dinâmica e cheia de oportunidades, mas também enfrenta desafios em termos de diversidade, equidade e inclusão. A mentoria surge como uma ferramenta poderosa para quebrar barreiras e abrir portas. Nessa parceria mentor e mentorado não estão só a construir carreiras mais sólidas, estão a definir o futuro.
É crucial lembrar que a mentoria é uma jornada de crescimento mútuo. Não é uma via unidireccional de transmissão de conhecimento, mas uma oportunidade para aprender, crescer e inspirarem-se mutuamente. À medida que mais mulheres se unem no mundo da tecnologia, como mentoras e mentoradas, elas moldam um ambiente mais inclusivo e diversificado, onde as vozes femininas são ouvidas, as ideias chegam mais alto e os muros são derrubadas.
À medida que olhamos para o futuro da indústria, constatamos que a mentoria é uma parte vital dessa jornada. Capacitar as mulheres e minorias na tecnologia não é apenas um objetivo, é uma necessidade. O futuro da tecnologia será mais luminoso e colorido quando todas as vozes tiverem oportunidade de o desenhar.
Ao longo deste artigo, destaquei como mentores podem guiar, compartilhar experiências, desenvolver habilidades, fornecer orientação estratégica e muito mais. E, igualmente importante, como ser mentor implica ouvir, inspirar e capacitar.
Espero que isso tenha convencido mais gente a procurar mentores e portanto convido todos os que têm capacidade de ser mentores a juntarem-se à causa. A transformar o rosto da tecnologia e criar um legado inspirador para as gerações futuras.
Atualização:
Algumas pessoas na OutSystems estão a aderir à minha iniciativa. Aqui ficam alguns nomes a quem podem pedir mentoria:
Mulheres:
Helena Lameiro, OutSystems MVP
Mariana Junges, Lenda do Front End
Negin Nafissi, Senior Developer e Oradora
Vera Tiago, Developer Advocacy Manager na OutSystems
Homens:
Edgar Ramos, Hamza Gulzar, Champions OutSystems
Afonso Carvalho, Daniël Kuhlmann, Nikhil Gaur, Nuno Reis, Nuno Rolo, Ricardo Pereira, Ruben Bonito, Salman Ansari, William Antunes MVPs OutSystems
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